quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Feministas querem que governo incentive divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres

Os movimentos feministas defenderam hoje (27), no Fórum Social Mundial, a ratificação pelo Brasil da Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para estimular a sociedade a repensar o papel do homem nas famílias brasileiras. O documento recomenda que os países criem mecanismos para ajudar os trabalhadores no cuidado com filhos e parentes.

Mais do que abrir creches, a ratificação do instrumento poderia permitir que os homens participassem mais das tarefas domésticas e do cuidado com idosos e crianças, inclusive, com ampliação da licença paternidade.

No Brasil, poderia estimular mudanças em papéis sociais que atribuem às mulheres “a função de cuidadora”, por meio de mudanças nos programas de televisão e na publicidade, na avaliação da secretária nacional de mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane da Silva.

“Os veículos de comunicação deveriam cumprir seu papel real que é de informar. Aí uma das formas é mostrar que é possível ter trabalho [doméstico] igual entre homens e mulheres. Nas novelas, as mulheres são sempre as empregadas. Nas novelas, muitas vezes, também passa a imagem de que a mulher para ser feliz tem que ter uma família tradicional, casada, com papel de reprodutora e criadora”, criticou a sindicalista.

Durante o evento da organização não-governamental Marcha Mundial de Mulheres, que reuniu cerca de 500 participantes em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, a CUT relançou uma campanha em favor da convenção. A iniciativa também tem apoio de outras organizações de mulheres como o Centro de Ação Comunitária, do Rio de Janeiro.

“É muito natural a mulher cuidar da sogra, mas não é nada natural o homem cuidar da sogra ou do sogro. Essa é uma visão machista da sociedade, que coloca como uma função nata da mulher o cuidado com filhos e idosos. Onde está escrito que cuidar de filho, cuidar de casa, é tarefa de mulher? Não está em nenhum lugar, nem na Bíblia”, destacou Rosane.

O objetivo das duas entidades é recolher assinaturas para cobrar do governo federal a ratificação do documento para que seja encaminhado para aprovação do Congresso Nacional.

Aprovado na década de 1980, a Convenção 156 da OIT recomenda que os governos promovam políticas públicas que incentivem o setor privado a facilitar a entrada no mercado de trabalho de pessoas com com filhos ou parentes que necessitem de mais atenção, como idosos e pessoas com deficiência, por meio da divisão compartilhada de tarefas.A Marcha Mundial de Mulheres terminou com uma caminhada pela ruas de Gravataí, com mais de 300 participantes. As feministas chamaram atenção para a mercantilização do corpo das mulheres, cobraram a revisão da legislação punitiva sobre o aborto e defenderam o direito de ter mais autonomia sobre seus corpos.Agência Brasil.

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