quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Nome científico de lagarto recém-descoberto homenageia professora da UFRN

Eliza Xavier Freire, professora e pesquisadora da UFRN(Foto: Cedida)
A revista científica internacional ZOOTAXA publicou, no dia 23 de fevereiro, o artigo dos pesquisadores Ubiratan Gonçalves, Selma Torquato, Grabriel Skuk e George de Araújo Sena sobre a descrição de uma nova espécie de lagarto da Mata Atlântica alagoana. O nome científico da nova espécie, Coleodactylus elizae, foi escolhido em homenagem a Eliza Maria Xavier Freire, herpetóloga, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A publicação científica ZOOTAXA é especializada na taxonomia zoológica, ramo da Biologia que trabalha na nomenclatura de animais. O periódico é produzido e impresso na Nova Zelândia, mas também possui uma versão digital na rede mundial de computadores (http://www.mapress.com/zootaxa).
Eliza Maria Xavier Freire tem o seu trabalho na área de herpetologia (ramo da Zoologia dedicado ao estudo dos répteis e anfíbios) como um dos maiores destaques no cenário nordestino. Nas décadas de 1980 e 1990, desenvolveu vários trabalhos no Museu de História Natural da Universidade Federal de Alagoas (MUFAL), contribuindo consideravelmente para o desenvolvimento das pesquisas científicas na Mata Atlântica de Alagoas.
Sobre a origem etimológica do nome, o artigo diz que “a espécie foi nomeada em homenagem a Eliza Maria Xavier Freire, uma pesquisadora que tem contribuído significativamente para o conhecimento da herpetofauna do Nordeste brasileiro”.
O biólogo Ubiratan Gonçalves da Silva, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta, disse que apoiou de imediato a sugestão do nome. “Foi sugerido pelo nosso inesquecível e saudoso Gabo”, disse Ubiratan referindo-se ao amigo Gabriel Skuk Sugliano, falecido em março do ano passado por afogamento. “Achei interessante a sugestão porque homenagearia quem criou o Setor de Herpetologia no nosso querido Museu de Historia Natural, da UFAL”, completou.
Um dos motivos para a homenagem se deve também à descoberta feita em 1999, pela pesquisadora Eliza Freire, de um lagarto do mesmo gênero do Coleodactylus elizae, denominado cientificamente de Coleodactylus natalensis, ou popularmente conhecido como Lagarto de Folhiço.
Essa espécie foi descrita pela bióloga através de suas pesquisas realizadas no Parque das Dunas, em Natal. O Lagarto de Folhiço é endêmico de remanescentes da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte e hoje é considerado como símbolo da preservação das áreas verdes de Natal.
Desde 2001, a professora Eliza Freire atua no Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN, onde criou o Laboratório de Herpetologia da UFRN e a Coleção Herpetológica (CHBEZ), primeira coleção científica da UFRN, da qual é curadora desde 2003.
A vice-reitora e professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, comentou a homenagem prestada a sua colega de área. “É dessa forma que os biólogos são reconhecidos e eternizados. O trabalho dela é árduo. É uma pesquisadora de elevada produção. Estudar e descobrir uma nova espécie são o máximo na carreira de um biólogo”, disse.
A Nova Espécie
As espécies do gênero Coleodactylus (família sphaerodactylidae) são representadas por lagartos de hábitos diurnos com menos de seis centímetros de comprimento total que se distribuem na América do Sul, especialmente no Brasil. Com a descoberta do Coleodactylus elizae o gênero possui agora seis espécies, sendo duas amazônicas (C. amazonicus e C. septentrionalis), uma do Cerrado (C. brachystoma) e três da Mata
Atlântica (C. meridionalis, C. natalensis e C. elizae).
O registro da nova descoberta foi feito em agosto de 2004 durante uma das expedições de biólogos e estudantes do curso de Ciências Biológicas da UFAL. A área de estudo foi um remanescente de mata conhecido como Serra da Saudinha, localizado no distrito de Ipioca, zona rural do município de Maceió.
Toda a região é cercada por canaviais da Usina Cachoeira do Meirim, que fornecia apoio logístico e acompanhamento durante as expedições. Nessa pesquisa, liderada pelo pesquisador Gabriel Skuk, participaram também alguns estudantes e pesquisadores importantes para sua execução: Ubiratan Gonçalves, Selma Torquato, George Sena, Filipe Augusto, Katyuscia Vieira, Edinaldo Nascimento, Everson Santos, Gabriela Quintela, entre outros.
UFRN

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